Quando, ainda no ano passado, nos lembrámos do tema genérico desta revista – a liberdade – pareceu-nos muito original.
Mas a palavra “liberdade” tem sido, ao longo de 2024 e por razões óbvias, muito glosada nas mais diversas perspetivas, em outras revistas, jornais, tertúlias, debates, séries de televisão e filmes, livros, peças de teatro, exposições, etc, etc.
E ainda bem que a liberdade anda, literalmente, na boca do povo!
Neste número 3 da DOIS, a liberdade e alguns dos múltiplos aspetos em que ela se desdobra são, assim, o tema genérico.
Desta vez, e procurando dar sempre uma visão regional, mas para lá das estritas fronteiras do nosso Algarve, a entrevista de fundo tem como interlocutor Diogo Infante. Até porque a sua atividade de ator e de encenador só pode florescer em pleno em liberdade!
Depois, fomos à procura de uma história de vida de alguém que tenha feito muito por esta liberdade que hoje temos (e a que alguns dão tão pouca importância, apenas porque sempre a tiveram…). E assim damos a conhecer a vida de Afonso Dias, outro algarvio de adoção, com uma boa história pessoal, no mundo da cultura e não só, para nos contar.
Fomos ainda saber como se vive a liberdade numa aldeia sui generis do interior algarvio, Barão de São João, que hoje muita gente conhece por causa do festival de caminhadas e artes que por lá acontece, mas onde os ares de liberdade se começaram a respirar ainda antes da Revolução dos Cravos, tendo sido, ao longo de décadas, palco de muita criatividade, utopia e luta.
E porque se trata de um tema na ordem do dia, para o bem e para o mal, fomos também tentar saber como é que diferentes religiões vivem a liberdade de culto que a Constituição Portuguesa garante. Será que ser judeu, muçulmano, católico ou evangélico é vivido da mesma forma? Como era antes do 25 de Abril de 1974? E agora? Somos um país tolerante para com a diferença ou nem por isso?
Desta vez, temos como cronistas convidados dois escritores – um, mais jovem e menos conhecido, o Eduardo Duarte, outro já consagrado até com o Prémio Leya, o José Carlos Barros. E do que falam eles? De liberdade, pois claro!
Pelo meio, como irão certamente reparar, há umas reminiscências dos tempos da censura prévia, para que não nos esqueçamos de como era difícil a liberdade de expressão, há apenas cinco curtas décadas.
E a nossa capa? Que maluquice nos deu?
Desta vez, não fomos procurar nenhum artista plástico consagrado, com ligações ao Algarve (como o Pedro Cabrita Reis, no nº1, ou o Alexandre Farto aka Vhils, no nº2). Desta vez, porque aqui na DOIS se respira liberdade, será cada um dos nossos leitores a desenhar a capa que mais lhe aprouver!
Tenha a liberdade de desenhar a sua capa!